China e Suas Políticas Urbanas: Avanços e Desafios
A China está revolucionando suas cidades com inovação tecnológica, sustentabilidade e resiliência. Como o planejamento urbano centralizado está transformando megacidades e cidades-satélite? Quais são os desafios de integrar moradia acessível, transporte verde e tecnologia de ponta? Descubra como a segunda maior economia do mundo está equilibrando crescimento e qualidade de vida em um cenário de urbanização acelerada. Leia o artigo completo e entenda os avanços e desafios desse modelo.
RECENTES INICIATIVAS DE SUCESSO
Miguel Ostoja Roguski
2/17/20253 min read


As políticas de desenvolvimento urbano na China são amplas, complexas e refletem tanto os objetivos de modernização acelerada quanto as crescentes preocupações com sustentabilidade e equidade. Desde a reforma econômica de 1978, o país passou por uma urbanização sem precedentes (de 18% de população urbana em 1978 para mais de 65% em 2023). Para equilibrar crescimento e qualidade de vida, o governo chinês tem implementado estratégias que combinam planejamento estatal centralizado, inovação tecnológica e diretrizes socioambientais. Abaixo, detalho os principais eixos e seu alinhamento com sustentabilidade, resiliência e inclusão:
Estrutura Geral das Políticas Urbanas
Planejamento Centralizado
O Estado define diretrizes nacionais por meio de Planos Quinquenais e iniciativas como a “Nova Urbanização”, enquanto governos locais adaptam e implementam projetos de acordo com suas realidades regionais.
Foco em Megalópoles e Cidades-Satélite
Para reduzir a pressão nas megacidades (ex.: Xangai, Pequim), promove-se a integração regional através de corredores econômicos, como a Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, e o fortalecimento de cidades menores próximas a polos industriais e de serviços.
Tecnologia como Motor
A urbanização chinesa está cada vez mais dependente do uso de big data, inteligência artificial (IA) e monitoramento digital para gestão de trânsito, segurança pública e eficiência energética.
Sustentabilidade Ambiental
Cidades Ecológicas (Eco-Cities)
Projetos como Tianjin Eco-City, desenvolvido em parceria com Singapura, priorizam energia renovável, eficiência energética em edifícios e transporte público limpo.
Resultados: Algumas cidades reduziram em 20-30% o consumo energético, mas há críticas sobre os altos custos e a dificuldade de replicar essas práticas em cidades menores.
Cidades-Esponja (Sponge Cities)
Iniciativa lançada em 2015 para combater enchentes e recuperar ciclos hídricos naturais. Inclui infraestrutura permeável, como telhados verdes e parques alagáveis, implementada em 30 cidades-piloto.
Desafios: Alto investimento (US$ 12 bilhões até 2023) e necessidade de manutenção constante.
Dual Carbon Goals
Compromisso de atingir pico de emissões de CO₂ até 2030 e neutralidade carbônica até 2060. Inclui substituição de carros a combustão por elétricos e expansão de parques solares/eólicos urbanos.
Resiliência Urbana
Prevenção de Desastres
A China avançou na criação de sistemas de alerta precoce para terremotos e enchentes, além de códigos rigorosos de construção (reforçados após o terremoto de Sichuan em 2008).
Diversificação Econômica
Cidades como Shenzhen migraram de indústria pesada para tecnologia e serviços, reduzindo vulnerabilidade a crises.
Autossuficiência Alimentar
Hortas urbanas e cinturões verdes ajudam a garantir segurança alimentar, especialmente após a pandemia de COVID-19.
Inclusão Social e Acolhimento
Reforma do Sistema Hukou
O hukou (registro domiciliar) historicamente negava serviços públicos a migrantes rurais em cidades. Desde 2014, reformas permitiram maior acesso a saúde e educação em cidades menores.
Resultados: 100 milhões de migrantes obtiveram hukou urbano entre 2014 e 2023, mas as megacidades ainda mantêm restrições.
Habitação Social
O programa garantia de habitação para aluguel (2021) visa fornecer moradia acessível para trabalhadores migrantes e jovens urbanos.
Envelhecimento Populacional
A infraestrutura urbana está sendo adaptada para idosos (ex.: rampas, centros de saúde), incentivando a migração da população idosa das áreas rurais para as cidades.
Críticas e Desafios
Gentrificação e Deslocamentos:
Muitas renovações urbanas deslocam comunidades vulneráveis (ex.: hutongs de Pequim).
Superficialidade Ecológica:
Algumas eco-cidades são mais "vitrines" do que soluções práticas.
Vigilância e Exclusão:
Tecnologias como reconhecimento facial são usadas para controle populacional.
Dívida Local:
Muitos governos municipais estão endividados devido a projetos faraônicos.
Conclusão: Alinhamento Parcial com Sustentabilidade e Inclusão
Pontos Fortes:
A China lidera inovações em infraestrutura verde e redução de emissões.
Pontos Fracos:
Insuficiência da participação popular no planejamento e desigualdades persistem.
Futuro:
O sucesso dependerá do equilíbrio entre eficiência estatal, flexibilidade local e maior transparência. Em suma, avanços em sustentabilidade e resiliência são evidentes, mas a inclusão ainda enfrenta desafios estruturais.
Casos Relevantes
Xiong’an: Nova cidade "inteligente" próxima a Pequim.
Shenzhen: Polo de inovação verde com frota de ônibus 100% elétrica.




Chengdu: Modelo de "cidade-jardim", com 45% de cobertura verde.

